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IFPE Vitória realiza Seminário de Educação Antirracista
Evento enfatizou o protagonismo estudantil e a desconstrução da estrutura do racismo
O IFPE Campus Vitória de Santo Antão realizou, nesta quarta-feira (19), o Seminário de Educação Antirracista. Com atividades nos três turnos, o evento teve como objetivo promover reflexões e debates sobre a luta por igualdade e o reconhecimento da população negra, com ênfase no protagonismo estudantil.
O Seminário integra o projeto “Protagonismo negro e o despertar de uma consciência: de quem é esta voz?”, financiado pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE), por meio do Edital Solano Trindade. Coordenada pela professora Dra. Ana Patrícia Falcão, a iniciativa é desenvolvida em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) e o Núcleo de Estudos em Gênero e Diversidade (NEGED) do Campus Vitória.
Abertura e mesa simbólica
A programação teve início com a exibição de um documentário protagonizado por estudantes do campus, que relataram experiências pessoais de racismo e destacaram como o apoio coletivo fortaleceu seus processos de superação.
Em seguida, foi composta a mesa simbólica do Seminário. Integraram a mesa o Diretor-Geral do Campus Vitória, Lucas Dantas; o Diretor do Departamento de Desenvolvimento Educacional, Leonildo Leal; e a Coordenadora de Extensão, Ana Patrícia Falcão, que também coordena o projeto.
Também compuseram a mesa a senhora Claudeci Carneiro do Nascimento Pereira, articuladora de Políticas Públicas Integradas da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Prevenção à Violência; o estudante Marcelo Antônio, presidente do Grêmio Estudantil; e a funcionária Márcia Sales, representante das colaboradoras negras do campus.
Além de servidores/as e estudantes do IFPE Vitória, estiveram presentes a professora Elaine Rocha, do IFPE Campus Caruaru, e representantes — estudantes e servidores/as — das escolas EREM Senador João Cleófas de Oliveira, EREM Antônio Dias Cardoso, Escola Olívia Carneiro de Carvalho e Escola Pedro Ribeiro.
Protagonismo e resistência estudantil
O presidente do Grêmio Estudantil, Marcelo Antônio, destacou que a presença dos estudantes negros em espaços educacionais é fruto de uma longa trajetória de resistência: “Para estarmos aqui hoje — digo isso me referindo a pessoas negras, ou melhor, afrodescendentes — centenas de milhares tiveram que morrer.” Ele celebrou a participação expressiva no evento, afirmando ser “espetacular poder dizer que nós estamos e continuaremos aqui”, reforçando que o momento “marca posição nessa luta que ainda está longe de acabar”.
A coordenadora do projeto, professora Ana Patrícia Falcão, expressou gratidão e ressaltou o protagonismo estudantil: “Os estudantes de fato renovam e nos animam.” Ela também destacou o êxito na captação de recursos: “Esse projeto que a gente está coordenando tem fomento da FACEPE, foram quase R$ 150 mil captados à época.”
O IFPE reforçou seu papel como “espaço de saber e de construção democrática, cidadã e inclusiva”, reafirmando o compromisso institucional com a formação antirracista. O Diretor-Geral ressalvou ainda o desejo de que as reflexões promovidas pelo Seminário se estendam “para além dos muros da instituição”.
Programação da manhã
A manhã contou com apresentação musical conduzida pelo professor de Artes Leonardo Araújo e executada pelos estudantes do 2º período dos cursos técnicos integrados em Agropecuária e Agroindústria.
Na sequência, ocorreu a roda de diálogo “Construindo uma educação antirracista: reflexões e experiências a partir do protagonismo estudantil”, que contou com a participação da professora Dra. Elaine Rocha e do estudante Marcelo Antônio, sob a mediação de Renysson Paz, discente do curso de Bacharelado em Agronomia.
O público também assistiu à apresentação cultural da Companhia de Dança Carlos Nascimento, que abrilhantou o evento.
Encerrando as atividades da manhã, os/as participantes visitaram a exposição “Negra soy: imagem, palavra e poder”, que celebra a força e a autoria da juventude negra do IFPE Campus Vitória. Com curadoria da professora Tatiana Carvalho, a mostra reúne imagens e textos produzidos por estudantes negras e tem como inspiração o poema “Me gritaron negra”, da afro-peruana Victoria Santa Cruz.
Atividades ao longo do dia
Durante todo o dia, o Seminário contou com apresentações culturais, como teatro e dança; rodas de diálogo; palestras; oficinas; e exibições de documentários e vídeos, além de um Café Filosófico. Um dos destaques da programação foi o desfile que aborda a simbologia do cabelo afro, acompanhado de indumentárias e exposição de bijuterias afro.
O evento foi aberto e gratuito para o público interno e externo do campus.