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Espetáculo Clamor Negro empolga plateia do Campus Recife com reflexões sobre racismo

A atriz e poeta Adailta Alves protagoniza peça, que contou ainda com a participação da cantora Isaar


“Vista a minha pele e verifique se vivemos num país racista ou não!”. Esse foi o desafio lançado pela atriz e poeta Adailta Alves para a plateia durante a apresentação da peça “Clamor Negro”, realizada na manhã da última quinta-feira (03), no auditório do Campus Recife. O espetáculo consiste em um monólogo que contou ainda com a participação da cantora Isaar, responsável por interligar os oito atos da peça com músicas de temáticas africanas. Cada parte contemplou seis poemas de autoria das poetas negras Odalita Alves, Cristiane Sobral e Vitória de Santa Cruz.

No conjunto, os atos trouxeram questionamentos em torno da condição social das pessoas negras desde a colonização até hoje: “Somos frutos de uma miscigenação violenta e nojenta, resultado de constantes estupros em mulheres negras. A abolição conseguiu ser ainda mais cruel na vida dos ex-escravos, porque os jogou para o olho da rua, sem políticas de emprego e sem nenhum tipo de reparação. Desamparados e à própria sorte, eles sobem os morros, fazendo surgir as favelas, onde se perpetuam hoje todas as mazelas sociais”. 

No final da apresentação, Odailta Alves debateu com o público questões relacionadas a um racismo velado na sociedade brasileira, persistente, sobretudo, devido ao que considera uma falsa ideia vendida no exterior de “miscigenação celestial”. Deste modo, a peça tenta cumprir o seu papel de levar o espectador a uma reflexão acerca dos danos e violência direta e indireta que as pessoas negras são submetidas em seu cotidiano.

A produção representa uma iniciativa do projeto “Educação Democrática e Direitos Humanos: uma abordagem popular”, coordenado pela equipe de Serviço Social do Campus, em parceria com o Comitê da Várzea, grupo político-cultural autônomo formado por moradores, artistas e trabalhadores da Educação que atuam no bairro e seu entorno.

 

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