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Grupo propõe sistema para facilitar acesso a ônibus por pessoas com deficiência visual

BlindMobi foi concebido por projeto de Extensão desenvolvido no âmbito do Campus Recife ao longo de 2018


Mais de 35 milhões de brasileiros sofrem de algum tipo de deficiência visual, conforme o Censo Demográfico mais recente divulgado pelo IBGE, em 2010. Deste total, aproximadamente dois milhões são pernambucanos. Destinado a essa população, o projeto BlindMobi, concebido por grupo de Extensão do IFPE, propõe ferramenta para favorecer a autonomia no que diz respeito à locomoção de pessoas com algum grau de deficiência visual. O trabalho, inclusive, foi apresentado durante o 12º Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, no final de novembro.

O BlindMobi representa um sistema a baixo custo para identificação de ônibus por pessoas com deficiência visual. O projeto foi desenvolvido pelo professor do curso de Telecomunicações do Campus Recife Hilson Vilar e os estudantes de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS) David Mendonça, João Lucas Albuquerque e Leandro Bernardes. O protótipo é formado por duas partes: um hardware físico, que seria colocado nos ônibus e um aplicativo para ser instalado no telefone móvel do usuário. “A ideia é que quando o indivíduo chegue à parada, possa clicar no aplicativo e dizer em voz alta a linha do ônibus que pretende pegar. O software, então, confirma a linha e aí é só esperar. Com a aproximação do coletivo, o hardware enviaria um sinal para o aplicativo, que alertaria a vinda do ônibus, primeiro a 30 metros da parada e, depois, com a sua chegada”, explica o professor.

Segundo o docente, o projeto surge em resposta às dificuldades apresentadas por indivíduos com algum grau de deficiência visual ao tentar pegar um ônibus. De acordo com o Censo, em Pernambuco, quase 4% da população não enxerga nada ou possui um grau grave de deficiência visual. Mesmo quando eles conseguem mais independência e se inserem no mercado de trabalho, um dos grandes desafios consiste, conforme Hilson, na locomoção via transporte público. Ele revela que a inspiração para a criação do BlindMobi veio a partir de um colega de trabalho com deficiência visual. “Todo dia, ao largar do trabalho, Carlão, como é conhecido um colega servidor, precisa que alguém o acompanhe até à parada para ajudá-lo a entrar no ônibus correto. Com o BlindMobi, o usuário teria muito mais autonomia em sua mobilidade”, aponta.

Com o esboço do protótipo em mente, Hilson, que também é engenheiro eletroeletrônico e mestre em Ciências da Computação, começou a recrutar alunos de TADS. Para João Lucas, o verdadeiro atrativo do projeto se encontra no impacto que o BlindMobi seria capaz de causar socialmente. “Quando produzimos alguma coisa para o curso, nossos projetos, geralmente, ficam isolados a nossa turma. De modo geral,não vemos o resultado alcançar o público. Com o BlindMobi é diferente: podemos ver a resposta prática e isso é muito estimulante”, comenta.

O grupo prevê como próxima etapa a busca de apoio. “Queremos investir no BlindMobi. Precisamos de parcerias, seja poder público ou grupos privados, a fim de bancar as pesquisas. Já patenteamos o projeto”, relata Hilson Vilar, sem esconder seu entusiasmo com a iniciativa. “Seria um sonho conseguir instalar nossa BlindMobi Box em todos os ônibus do Recife. O número de pessoas beneficiadas seria muito alto”, coloca.

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