Notícias
IFPE Recife abre comemorações dos 116 anos da instituição com homenagens a quem construiu nosso legado
Além da entrega oficial de documentos históricos que remontam a 1909, o diretor geral do campus convidou colegas aposentados a partir de 2024 para receberem homenagem
O IFPE Campus Recife está celebrando 116 anos de forma singela e emocionante, recuperando e criando memórias. Nesta terça-feira (14), aconteceu a abertura do evento “Trajetórias Conectadas”, com uma programação especial que segue até sexta-feira (17). Para saber mais sobre a programação, clique aqui.
O dia começou com arte, com a apresentação de um duo de acordeom e clarinete. Os músicos Júlio César Mendes e Gueber Santos são professores do campus e tocaram obras de Astor Piazzolla, Tom Jobim e Sivuca, arrancando aplausos da plateia.

Apresentação musical abriu a semana de comemorações pelos 116 anos do IFPE
Na sequência, houve a entrega oficial de 26 livros e um conjunto de documentos avulsos (como fichas individuais de alunos). Este acervo foi restaurado e remonta ao início da Educação Profissional em Pernambuco, que surgiu com a Escola de Aprendizes Artífices, em 1909 – passando também por outras fases e nomes das escolas que, juntas, formariam o todo do IFPE, em 2008. Diversas autoridades, servidores e estudantes estiveram presentes.
Segundo a coordenadora do Centro de História, Memória e Documentação (CHMD) do IFPE Recife, Leda Correia, esta restauração é “um ato pioneiro de preservação da própria História”. Todo o material recuperado sobreviveu a mudanças e até mesmo à cheia de 1975, que levou a então Escola Técnica do Recife a mudar-se do Derby para a Várzea.
“Nos deparamos com uma sala onde se acumulavam papeis, documentos velhos. Eram sacos de lixo pretos abarrotados de papeis mofados, cheios de fungos e resquícios de barata, entre outros problemas”, relembra Solange Lopes, também membro do CHMD. O processo começou em 2019, envolveu diversos profissionais e estudantes que precisaram triar e catalogar os documentos, antes de enviá-los para a restauração propriamente dita, num verdadeiro trabalho de formiguinha. Aos poucos, informações preciosas vão surgindo, como a descoberta de que já em 1909 havia uma professora atuando (Anna Freitas), mesmo dando aulas para classes exclusivamente masculinas onde meninos “despossuídos”, como eram denominados na época, aprendiam noções que lhes permitissem atuar de forma mais eficiente.

Equipe do CHMD entrega documentos restaurados ao reitor do IFPE e ao diretor geral do Campus Recife

Livro original com matrículas de 1909
“Sou grato à vida por estar neste lugar de reitor em uma instituição que tem tanta história”, disse emocionado o reitor do IFPE, José Carlos de Sá, ele mesmo um egresso do fim dos anos 1980. “É preciso ser muito resiliente e enfrentar muita oposição num país como o nosso, que insiste no apagamento das memórias. Esse trabalho de resgatar o passado dá sentido ao nosso presente e faz com que a gente tenha mais clareza do futuro que desejamos”, concluiu.
“Este é um grande presente que recebemos. Não são simples artefatos, são registros das trajetórias de pessoas que fizeram nossa instituição”, afirmou por sua vez o diretor geral do campus Recife, Fábio Nicácio. “É fundamental essa consciência, para que essa perspectiva nos leve a uma educação cidadã de fato”. O plano agora é restaurar uma segunda leva de documentos, digitalizar o acervo para que a sociedade possa ter acesso a ele e apresentar a experiência exitosa para outras unidades da rede federal de ensino.
Estudantes de ontem e de hoje
Um dos momentos mais emocionantes da cerimônia de entrega dos documentos foi liderado por Helvécio Carvalho Filho, ex-aluno, ex-servidor e ex-professor de nossa instituição. A equipe do CHMD localizou seu nome num livro de registro da década de 1950 e Helvécio compartilhou lembranças de sua trajetória desde quando tinha 12 anos, terminando sua fala convocando seus colegas Pedro Martins, Ailton Pereira, Onaldo França, Waldir Teodoro e Jurandir Davi a cantarem junto com ele o hino da antiga Escola Técnica do Recife – que todos sabiam de cor, mesmo após mais de 60 anos.

Egressos da antiga Escola Técnica dos anos 1950 relembraram o hino da instituição
Outra situação extremamente significativa foi a entrega de certificados aos vários estudantes que desde 2019 participaram do processo de limpeza, triagem e catalogação do acervo, a maioria voluntariamente. Muitos já são egressos do IFPE, outros ainda são estudantes como Nicolas Sousa, do sexto período em Edificações. Ele destacou seu orgulho por ter tido a oportunidade de participar de um projeto de pesquisa dessa grandeza, mesmo ainda estando no Ensino Médio.

Estudantes que deram apoio ao CHMD

Estudantes receberam certificados após participarem do projeto de recuperação do acervo
Reconhecimento da própria História
Durante a tarde do dia 14/10, o diretor geral do IFPE Recife, Fábio Nicácio, convidou um grupo de colegas recentemente aposentados do campus para uma reunião informal, onde a conversa fluiu solta e eles receberam um folheto de cordel com versos produzidos pela servidora Lílian Guerra Prazeres, que finaliza assim: “Tantos anos de trabalho/ com empenho e dedicação / hoje estão aposentados / à força ou por opção / um privilégio de poucos / alcançar tal condição / e neste aniversário / a vocês, de coração / nosso agradecimento / pela contribuição / em cada página da história / desta instituição”.

Folhetos em homenagem aos 116 anos citam alguns aposentados da instituição

Lilian Prazeres declamou seu cordel em homenagem a quem fez história no IFPE
José Wanderley, o “Zequinha”, que há quase 50 anos projetou o complexo de prédios onde até hoje o IFPE Recife funciona e foi professor por seis meses após sua aposentadoria compulsória aos 75 anos de idade, foi um dos presentes que mais memórias partilhou durante o encontro, ao qual também compareceram Sofia Brandão, Andrea Benício, Edlamar Oliveira e Ageu Almeida.
“São muitas histórias de comprometimento que precisam ser valorizadas e não podem ser esquecidas”, pontuou Fábio Nicácio, explicando que gostaria de ter chamado mais pessoas para o encontro, mas que a ideia foi fazer algo sem grandes dimensões. “Foi um momento simples, mas cheio de significados. O tempo nos lembra que as instituições só vivem plenamente quando honram aqueles que as constituíram. Então, este foi mais um encontro especial em uma semana repleta de vivências extraordinárias”.

Grupo de gestores e de aposentados que foram homenageados