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Campus realiza Fórum da Consciência Negra

Programação proporcionou debate, reflexão e valorização da cultura afrobrasileira


O Campus Ipojuca do IFPE realizou, nos dias 21 e 22/11, o Fórum da Consciência Negra. Organizado de forma colaborativa com estudantes, o evento foi coordenado pelo Núcleo de Estudos Afrobrasileiros  e Indígenas do Campus (Neabi).

A programação do Fórum incluiu momentos de informação e debate e também atrações culturais.

No primeiro dia, a mesa “Religiosidade, Cultura e Tradição” reuniu lideranças de movimentos da região ligados ao candomblé e a comunidades quilombolas. Pai Jorge, que é pai de santo do Candomblé no Cabo de Santo Agostinho, falou da perseguição histórica e da discriminação que persiste contra praticantes de religiões de matriz africana. “O candomblé sempre foi perseguido porque respeita coisas que foram marginalizadas pela mentalidade colonialista: as crianças, os idosos, os deficientes, a sexualidade, as diferentes configurações de família. Na nossa religião, a minoria é a maioria”, disse ele.

Mesa Debate Consciencia Negra05.jpgTambém participaram da mesa dois representantes da comunidade quilombola da Ilha de Mercês, que falaram das dificuldades enfrentadas para o reconhecimento do quilombo e a resistência das famílias que lá vivem. “Quilombola é uma comunidade de pessoas descendentes de escravos, que se estabeleceram em regiões distantes das cidades e fazendas, por segurança”, explicou Magno Manoel de Araújo, presidente da Associação Quilombola da Ilha de Mercês.

Magno falou um pouco dos conflitos entre os interesses da comunidade e dos empreendimentos comerciais em Ipojuca e no Cabo. “Nossa demanda não é que as atividades econômicas parem de crescer, é que respeitem o nosso espaço”, disse ele. “A luta da gente é essa, resistir, porque estamos lá há muitos séculos e não somos invasores. Já trabalhei em muitos lugares, mas não abro mão do meu lugar”, completou José Reis, também morador e liderança das Mercês.

Palestra Consciencia Negra02.jpgEDUCAÇÃO E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS – No segundo dia do Fórum, Walmilson Barros, professor do Ensino Básico na cidade de Ipojuca, trouxe dados de sua experiência de ensino e pesquisa para debater relações étnico-raciais nos programas educacionais. A violência urbana, que atinge desproporcionalmente mais a população negra, e a representatividade em propagandas e material didático foram alguns dos temas debatidos com o público.

  “As desigualdades étnico-raciais se apresentam no nosso cotidiano, e muitas vezes as pessoas percebem isso como natural. O papel da escola não é impor um ponto de vista, mas é observar a realidade e problematizar, questionar propor uma reflexão”, afirma Barros. “Parece mentira, mas muitas vezes o preconceito começa ainda na infância, e historicamente a escola tratou a discriminação racial como brincadeira. Muita gente deixou de gostar da escola por isso”, conta ele.

Capoeira Consciencia Negra10.jpgAs palestras do Fórum da Consciência Negra foram também permeadas por apresentações culturais, de dentro e de fora da comunidade acadêmica. Foram convidados o Grupo Percussivo Alfaias da Praia, de Porto de Galinhas, que se apresentou e realizou uma oficina de maracatu; e a Escola Cultural Nossa Capoeira, do Distrito de Camela, em Ipojuca. O Núcleo de Arte e Cultura do Campus (NAC) também organizou apresentações de dança e um slam de poesia, com a interpretação de textos históricos e contemporâneos sobre o tema da consciência negra.

Veja todas as fotos do Fórum da Consciência Negra.

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