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Trabalhos finais de Licenciatura investigam dificuldades e impactos do ensino remoto

Onze estudantes defenderam trabalhos de conclusão de curso no semestre acadêmico 2020.2, que se encerrou em março


Estudantes do curso de Licenciatura em Química elegeram a experiência das aulas remotas, realidade da maioria das escolas brasileiras no último ano, como objeto de pesquisa em seus trabalhos de conclusão de curso (TCCs). Quatro dos 11 TCCs defendidos no semestre acadêmico 2020.2 formularam problemas de pesquisa sobre o tema e entrevistaram estudantes e docentes da área de Química do IFPE-Campus Ipojuca.

“Os licenciandos trouxeram questões instigantes e motivadoras sobre o atual contexto de isolamento social e aulas remotas”, diz a professora Maristela Andrade, que orientou três desses trabalhos. A partir dos questionamentos formulados pelos estudantes, foi possível coletar dados junto a professores e estudantes da rede pública de ensino, por meio de formulários online. “Os principais achados comuns foram as dificuldades com a infraestrutura de comunicação e necessidade de formação continuada dos docentes”, resume Andrade.

Guilherme Artur Lino, que entrevistou 51 estudantes do curso de Licenciatura em Química, identificou grande variabilidade nas condições de acompanhamento das aulas remotas – tanto nas estratégias de estudo adotadas individualmente pelos estudantes, quando na disponibilidade de infraestrutura de comunicação para acompanhamento das aulas remotas. “Muitos acompanham as aulas de dispositivos móveis com conexão de baixa qualidade. O sentimento de ansiedade também foi muito mencionado”, ele diz.

A licencianda Jeane Maria Oliveira entrevistou estudantes do Ensino Técnico no Campus Ipojuca sobre sua experiência com os componentes curriculares da área de Química. “Os participantes da pesquisa apontara, dificuldades em perceber relações da Química com o cotidiano” diz. “Eles disseram sentir falta de atividades práticas associadas à teoria, além de relatar fragilidade na organização do tempo de estudo, redução significativa na comunicação com o docente, entre outras dificuldades”.

O trabalho de Anália Santos, orientado pela professora Jane Palmeira, baseou-se nas respostas de 93 estudantes de cursos da área de Química no IFPE-Campus Ipojuca sobre seus hábitos de estudo no período de ensino remoto. Segundo a metodologia adotada no trabalho, os estudantes apresentaram nível moderado de autorregulação da aprendizagem, apontando dificuldades na organização tempo e do ambiente de estudo. “Como professora, é importante tentar compreender as diferenças individuais dos estudantes em seus processos de aprendizagem, e tentar trabalhar com elas”, diz a licencianda.

Polianne dos Santos Silva realizou sua pesquisa junto a docentes da área de Química, para identificar como o ensino remoto influenciou as estratégias de ensino-aprendizagem adotadas por eles junto às turmas. “Mesmo considerando que o ensino remoto se iniciou de forma inesperada, os professores têm se esforçado para adotar metodologias que valorizam a autonomia e a criação dos estudantes, para que de fato ocorra a aprendizagem. Não se trata de uma abordagem conservadora, que prioriza a reprodução do conteúdo”, afirma. Entre as estratégias citadas pelos nove professores que responderam à pesquisa, destacam-se o uso de softwares educativos, experimentações com vídeos, atividades em grupo e a opção por ciclos de aula mais curtos e dinâmicos. Já entre as dificuldades que precisam ser superadas, os professores apontaram a necessidade de treinamento em ferramentas de ensino online e a baixa adesão dos estudantes – em especial aqueles que têm estrutura de computador e Internet deficiente – como fator desmotivador.

Veja aqui a lista dos trabalhos de conclusão defendidos no semestre 2020.2.

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