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Estudantes da disciplina Curadoria e Montagem têm aula com Moacir dos Anjos

Renomado curador falou sobre suas experiências na área e deu dicas para quem pretende seguir na carreira


Antes de começar a discorrer sobre curadoria, Moacir dos Anjos logo revelou o lugar de sua fala: a arte contemporânea. Curador de grandes edições de bienais, como a 29ª de São Paulo e a 54ª de Veneza, ele explicou os desafios dessa função, relativamente nova, para os estudantes da disciplina Curadoria e Montagem, ministrada pelo professor Carlos Lima. Na aula, realizada nesta sexta-feira (19), foram apontados caminhos para quem pensa em seguir na carreira.

A tarefa de cuidar das obras, preservando sua integridade física, é apenas uma das funções desempenhadas pelo curador, que tem a missão de escolher e apresentar trabalhos artísticos através de exposições. “Não só cuidamos da obra fisicamente, fazendo seguro, transportando, cuidando da luz, mas sobretudo simbolicamente. Temos a responsabilidade de expor, pesquisar e publicar”, explica. Segundo ele, um dos desafios da área é aliar a responsabilidade com a criação dos artistas e a melhor forma de apresentá-la ao público.  A subjetividade foi outro ponto ressaltado pelo autor dos livros Local/Global. Arte em Trânsito e Arte Bra Crítica.  “Realizar uma exposição é uma atividade subjetiva, pois envolve escolhas. Isso não é um problema, quando temos clareza desse aspecto de maneira ética”, revelou.

Cuidados com o espaço e tempo são fundamentais para o sucesso do trabalho, que cada vez mais, segundo o curador, envolve instalações, performances e vídeos.  “Isso requer uma preocupação não só com o espaço, mas com o tempo. Quando trabalhamos com vídeo, por exemplo, temos que pensar em formas, inclusive, de dirigir o olhar do espectador. Cada exposição tem ritmo diferente. A arquitetura do lugar impacta a experiência do visitante”, revelou. Ele explicou ainda que dependendo da disposição das obras no espaço, significados são ressaltados e narrativas são construídas.

A palestra de Moacir dos Anjos foi ilustrada por trabalhos que já realizou. Numa projeção mostrou exemplos da exposição de Jac Leirner, da Bienal de São Paulo e da Mostra Contraditória, que reuniu obras de diversos artistas brasileiros no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 2007, através da qual levou o público a questionar sobre essências e significados da arte no Brasil. Formado em economia, ele lembrou que não existe formação profissional para curadoria no Brasil e deu uma dica para quem pretende trilhar o caminho. “Estudem sobre a história das exposições, pois são através delas que as obras chegam até nós”, aconselhou.

A aula foi prestigiada não só por alunos do quarto período. A estudante do terceiro período de Artes Visuais, Eduarda Almeida, fez questão de marcar presença. “Tenho interesse em curadoria. É uma área que quero seguir. Não poderia perder esse momento. Trata-se de um renomado curador, com relevante trajetória”, disse.   

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