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Estudante de Artes Visuais do IFPE Olinda celebra 40 anos de carreira na pintura
Autodidata, João Artur comemora data expondo obras em shopping de Camaragibe
Em 1997, o escritor Ariano Suassuna revelou seu entusiasmo pelas obras do artista João Artur, com quem se identificou por ser admirador do povo brasileiro. “Ele é mais do que um simples pintor – é um aliado na luta que estamos empreendendo em defesa da cultura brasileira”, ressaltou Suassuna. Comemorando 40 anos de carreira, João Artur ainda carrega no seu trabalho a constatação feita por Ariano. As expressões culturais do Nordeste, materializadas nas pinceladas do artista, ganharam exposições realizadas no Camará Shopping.
A primeira exposição “Maracatu de baque solto fortalecendo a identidade cultural do povo pernambucano”, realizada no mês de fevereiro, apresentou as telas trabalhadas com tinta acrílica e relevo dedicadas à manifestação cultural que João tanto aprecia. “Esses quadros têm muita importância para mim porque representam meu início no Maracatu. Expondo, eu me reconheço como artista, como pessoa”, comemora, destacando a relevância do trabalho na disseminação do Maracatu.
Na segunda exposição ‘A Decolonialidade e a ecologia de saberes’, João Artur propõe uma reflexão sobre ancestralidade, saberes tradicionais e desigualdade social a partir de sua escuta, enquanto artista. Por meio da nossa diversidade cultural, ele demonstra a importância de respeitar vozes historicamente marginalizadas. Os trabalhos podem ser conferidos durante todo o mês de abril, no piso L1 do shopping Camará.
Autodidata, João Artur chegou ao IFPE Olinda para cursar Artes Visuais com uma vasta bagagem. O conhecimento acumulado nunca foi motivo de vaidade ou obstáculo para aprender novas técnicas e estilos. A professora Lisa de Lisieux, que ministrou para ele as disciplinas Teoria da Cor e Pintura, lembra seu comprometimento. “A vasta bagagem trazida por ele, anterior ao IFPE, nunca foi um problema para o processo de ensino-aprendizagem. Ele não faltava às aulas e se envolvia em diferentes atividades. Isso fez com que a turma de pintura, da qual ele fazia parte, se dedicasse mais, pois via nele um pintor experiente e desejava acompanhar seu processo”, destacou.
Lisa lembra que João Artur, apesar de se dedicar muito ao caboclo de lança, apresentou trabalhos sobre as mais diversas linguagens artísticas, como o balé. Do carnaval, pintou personagens como o papangu e o palhaço. Sua intimidade foi retratada por meio do seu cão, animal com quem perdeu o convívio. Na disciplina Teoria da Cor, aboliu o uso do preto. “Ele acabou aprendendo o não uso da cor preta”, esclarece Lisa, ressaltando sua dedicação. O mergulho na diversidade faz com que João se renove, sem deixar de valorizar suas origens.