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Estudantes exploram olhar estético por baixo das pontes do Recife
De forma interdisciplinar, trabalho é realizado com comunidade do bairro dos Coelhos, na ponte Joaquim Cardoso
Quem vive às margens dos rios Capibaribe e Beberibe, no Recife, costuma ter um olhar bem diferente das pontes da capital pernambucana, cartões postais que encantam moradores e turistas. É debaixo delas que comunidades ribeirinhas enxergam a cidade. Procurando despertar um olhar estético dessa cena urbana, os estudantes do curso de Artes Visuais, Micaela Flávia Alcântara e Antônio José, realizaram um trabalho de caráter interdisciplinar na ponte Joaquim Cardoso, no bairro dos Coelhos, com crianças que vivem no espaço.
“Muitos vão para ali e não veem o que há. São discriminados pela sociedade por viverem debaixo da ponte, por serem moradores de rua”, conta Micaela, que há dez anos frequenta o local. Começou como estudante do Movimento Pró-Criança, que fica nos Coelhos. Atualmente, é arte educadora do espaço. O trabalho que envolve a disciplina de Fotografia, Estamparia e Mídias Digitais será tema do seu TCC, “Suburbanos: entre linhas e entrelaços”.
A primeira ação no espaço foram fotos debaixo da ponte, realizadas durante a disciplina de Fotografia, ministrada pela professora Luciana Padilha. Inspirados em Aloísio Magalhães, eles transformaram as imagens em cartemas – composições em mosaico, que utilizam a repetição para causar um efeito ótico. Da mesma forma que Magalhães, criador da prática, o objetivo era explorar a estética do espaço. Os cartemas logo viraram estampas, na disciplina Estamparia, ministrada pela professora Luciana Tavares.
A dupla retornou para debaixo da ponte, mesmo local onde as fotos foram feitas, para ministrar uma oficina de estamparia com a comunidade, em 22 de maio. Dessa vez, o trabalho era para disciplina Mídias Digitais, ensinada por Paulo Diniz, com objetivo de documentar a ação e divulgá-la através de redes sociais. Lá, fizeram uma exposição dos cartemas criados pendurados num varal. Também ministraram uma oficina de estamparia, através da técnica stencil. “As crianças que participaram da oficina reconheceram a estética do cartema como sendo da ponte”, conta Antônio José.
Ao terminar a ação, a dupla fez um último clique. Fotografaram duas participantes da oficina que às margens do Capibaribe esperavam secar suas camisas recém-estampadas. A imagem, cheia de significados para Micaela e Antônio José, será a capa do trabalho, revelando que todo o esforço feito pelos dois valeu a pena.