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Exposição online “Mulheres na Fronteira da Ciência e da Educação”

Promovida pelo NEGED do Campus Barreiros, a exposição faz parte da Semana Integrada de Pesquisa e Extensão


Com o intuito de firmar a importância do dia 08 de março junto à comunidade acadêmica do campus Barreiros do IFPE, a equipe do Núcleo de Estudos de Gênero e Diversidade (NEGED) trabalhou na organização da Semana da Mulher, que aconteceria entre os dias 16 e 20 de março de 2020. Infelizmente, devido à suspensão das aulas decorrente da pandemia de COVID-19, o evento foi cancelado. Dentre as atividades previstas para a Semana estava a Exposição “Mulheres que fazem o IFPE-Campus Barreiros”, que pretendia retratar as servidoras docentes e técnico-administrativas do nosso campus e das colaboradoras terceirizadas. Além da participação através dos registros fotográficos, as mulheres foram convidadas a responder duas questões “como é ser mulher hoje em dia?” e “como é ser mulher no IFPE?”.  Com esta Exposição, o NEGED cumpre sua função de alertar para as desigualdades sexual e de gênero existentes na sociedade e, inevitavelmente, também em nossa instituição.

A Semana Integrada de Pesquisa e Extensão do IFPE Campus Barreiros, atividade vinculada à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), surgiu como o momento ideal para o lançamento da exposição, agora em versão online aqui no site e nas mídias sociais do Campus Barreiros. “A ideia surgiu do tema da SNCT – “Inteligência artificial: a nova fronteira da ciência brasileira”. Estamos falando de fronteira, aqui entendida como um limite demarcado. O limite de que falamos diz respeito à presença das mulheres na Ciência brasileira”, explica o coordenador do NEGED e idealizador da exposição, Tiago Cargnin, professor de geografia do Campus Barreiros. Pesquisa feita pela ONG Gênero e Número indica que, em 2015, apenas 5% das Bolsas de Produtividade em Pesquisa – Nível 1A, a mais alta oferecida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), eram concedidas a mulheres, entre outros dados alarmantes que revelam a desigualdade de gênero presente também na pesquisa científica brasileira. 

Nesse contexto, a exposição ganhou um novo título: “Mulheres na Fronteira da Ciência e da Educação – IFPE Campus Barreiros”. Os realizadores da exposição ressaltam, no entanto, que tanto as fotos quanto os textos são de março de 2020,  qualquer elemento que pareça desatualizado se justifica por esse lapso temporal: algumas mulheres retratadas, inclusive, já não integram mais o quadro de servidoras e colaboradoras do nosso campus, mas refletem o quadro de pessoal antes da pandemia. 

Naquele momento, 50 servidoras atuavam no campus, de um total de 173 profissionais, correspondendo apenas a 28,9% do total. Ou seja, as mulheres no campus Barreiros do IFPE são minoria, correspondem a menos de um terço do quadro de pessoal ativo. Esse dado é perceptível nos relatos, que evidenciam outro aspecto de uma minoria, como ressalta Tiago: “Além da desproporção entre homens e mulheres, chama-se a atenção para situações de desconforto, para a participação de mulheres nos cargos de liderança e para os desafios de se firmar na instituição enquanto mulher professora, técnica, pesquisadora, extensionista, gestora ou colaboradora. Por outro lado, também se percebe a importância da equidade salarial, da valorização do trabalho realizado na instituição, da igualdade de oportunidades dentro do Instituto e da possibilidade de ser referência para outras mulheres, especialmente nossas estudantes”. 

 

O QUE É SER MULHER? O QUE É SER MULHER NO IFPE?


“Nascer mulher é um desafio em qualquer época, mas, hoje em dia, o desafio é um pouco intenso pela comunicação e pelas redes de apoio que as mulheres encontram nas diversas redes sociais. Acaba deixando mais leves as dificuldades encontradas.

           No IFPE, como é um espaço de educação e onde as desigualdades são respeitadas, ser mulher é como ser homem. Porque aqui todos são tratados de forma igual. Nunca senti preconceito, discriminação ou fui subjugada por ser mulher. Ministro aulas na área técnica dos cursos Técnico em Agropecuária e Agroecologia e nunca fui impedida de realizar qualquer atividade.”

 BIANCA SILVA TAVARES
Vitória da Conquista-BA
Docente, ingressou no IFPE em 01/10/2012

 

 

“Não é ser bela, recatada e do lar…
E é, se assim quiser.
Mas é ainda se amar em primeiro lugar,
Ser ousada quando desejar e ser do mundo se o almejar conquistar.
É entender que pode ser rocha ou ser água quando preciso for;
É se autorrespeitar e ser dona de si,
Para ser verdadeiramente uma mulher inteira e feliz.”

DENISE MARIA DA SILVA
Recife-PE
Técnica, ingressou no IFPE em 26/08/2019

 

 

“Eu amo ser mulher, ser mãe.
É bom porque eu estou trabalhando, adoro o que eu faço. Eu gosto de trabalhar aqui, de falar com o público, de desejar um bom dia a todo mundo que chega.”

ELINE DA SILVA LINS
Barreiros-PE
Colaboradora no IFPE desde 2016

 

 

“Ser mulher hoje em dia é desafiador, exaustivo, complicado e, em muitas situações, perigoso e humilhante.
Não é nada fácil ser mulher numa sociedade machista em que o patriarcado está tão presente, em que a cada hora quatro mulheres são violentadas e a cada duas horas uma é morta violentamente no Brasil. E, pior ainda, onde a população não se dá conta da gravidade desses números!
Não é nada fácil ser mulher em um mundo onde a mulher é tão cobrada, julgada, manipulada, ridicularizada, humilhada e desvalorizada. Sendo que, como disse a terapeuta Efu Nyaki, ‘metade do mundo são mulheres e a outra metade, os filhos delas’.
Apesar de sermos mulheres fortes, inteligentes, determinadas, que lutam diariamente para sobreviver a tudo isso; apesar de campanhas e incentivos que várias organizações realizam valorizando a mulher, ainda é pouco para uma mulher conseguir viver em paz e com sua verdadeira liberdade.
No IFPE, dos meus 14 aos 16 anos, minha experiência de ser aluna mulher foi bastante tranquila e satisfatória. Acredito que tenha sido porque a maioria dos docentes que me ensinaram eram mulheres, tanto no curso do Ensino Médio quanto nos cursos Técnicos. Fui bastante respeitada, incentivada e desafiada a ser cada dia melhor, como pessoa e como profissional.
Já como servidora mulher do IFPE, a experiência não tem sido agradável nesse aspecto. Nesses meus 10 anos sofri e presenciei muitos casos de machismo, tanto de alunos como de colegas de trabalho, principalmente de superiores e gestores. Apesar de não estar explícito, percebo bastante dificuldade em ver a fala de uma mulher ser ouvida, respeitada e validada no meio institucional, principalmente na área técnica e se essa mulher estiver em cargo inferior hierarquicamente.
Nesse período notei avanços, resultado dos esforços de servidoras e servidores engajados com esse assunto, mas ainda falta muito para que todas as servidoras tenham seus potenciais profissionais realmente valorizados e aproveitados para o bem do Instituto.”

ESTHERFANY EVRY DA SILVA OLIVEIRA
Porto Calvo-AL
Técnica, ingressou no IFPE em 18/08/2010

 

 

“É ser resistência sobretudo. É lutar por um espaço de equidade, protagonismo, desconstrução de papéis de gênero, machismo e misoginia. E almejar por um tempo em que a gente não precise lutar tanto para ter nossos direitos e nossa existência respeitada.
Estou descobrindo o que é ser mulher no IFPE… No nosso campus a primeira coisa que chamou a atenção foi a presença majoritária de homens. Então eu diria, com a pouca experiência que eu tenho, que ser mulher no IFPE Barreiros é lutar por um espaço mais plural, onde as mulheres assumam mais lugares e tenham mais poder de decisão.”

FERNANDA PAULA DOS SANTOS CASTRO
Igarassu-PE
Técnica, ingressou no IFPE em 28/01/2020

  

 

“Apesar de termos conquistado espaços na sociedade e no mercado trabalhista, ainda é tarefa da mulher ser responsável pela casa e pelos filhos. São tarefas que dispõem de muito tempo e que não são exatamente compartilhadas, é uma carga muito pesada nos nossos ombros e ainda somos cobradas pela sociedade para estarmos impecáveis, vivendo um padrão de beleza quase inalcançável. Apesar de todas as inúmeras conquistas ao longo dos anos, ainda há uma desigualdade enorme, existe uma lacuna que a sociedade machista insiste em não enxergar. Estamos sempre lutando para conquistar o óbvio.
Ser mulher no IFPE? Ainda somos minoria entre os principais dirigentes.”

FRANCINALVA CORDEIRO DE SOUZA
Milagres-CE
Docente, ingressou no IFPE em 29/10/2019

 

  

“É algo muito desafiador, ainda mais quando você é divorciada, pois por mais que você busque o seu espaço, seja ele qual for, muitas pessoas te olham torto por você não ser casada, ou por ter aberto mão de um casamento.
Parece que para a sociedade você só é alguém se tiver um homem ao seu lado e não é bem assim!
Não preciso de um homem ao meu lado para me sentir mulher!
Diante de um cenário tão machista, você acaba tendo que ser um pouco macho!”

HIELLY SALES DIAS 
Parnaíba-PI
Docente, ingressou no IFPE em 15/08/2019

 

 

 

“Apesar de toda a violência ainda cometida contra as mulheres, acredito que ao longo dos tempos tivemos e temos conseguido, com muita luta, muitas vitórias.
A minha sensação é de realização pessoal e profissional. Após um árduo caminho percorrido, considero que sou VITORIOSA.”

HÉLIDA MARIA GOMES DE MELO
Caruaru-PE
Docente, ingressou no IFPE em 02/01/2003

 

 

“É ter delicadeza e sensibilidade misturadas com garra e determinação para lutar por seu espaço na sociedade.
É ser acolhida e incentivada no seu ambiente de trabalho.”

JAMILLE MENDONÇA REINALDO
Aracaju-SE
Técnica, ingressou no IFPE em 03/02/2020

 

 

 

“Pergunta difícil, pois nos obriga a estabelecer comparativos, a olhar para o passado. Buscamos na memória o que era ser mulher ontem, para então pensarmos no hoje.
Da memória, vejo a vida das minhas avós, da minha mãe: a infância e juventude submetidas aos mandos e desmandos dos pais, aos limites impostos pela sociedade, liberdade muito restrita, pois nem mesmo o direito a estudar havia. Com o casamento, cada uma a sua maneira, desdobrando-se nos cuidados com os filhos, com o marido, com a casa, e aguentando muitas vezes atitudes desprezíveis dos respectivos maridos.
Mudanças têm acontecido com o tempo.
Hoje, nós, mulheres, podemos exercitar um pouco mais da chamada liberdade, a depender da raça e classe, do lugar que moramos, da família e dos direitos exercidos: frequentar as escolas; dizer sim ou não ao casamento; dizer sim à separação e divórcio; direito a votar e ser votada; direito à propriedade, a frequentar lugares públicos desacompanhadas de pais, irmãos, tios ou maridos; podemos usar calças compridas, saias curtas, shorts, camisetas, biquínis… podemos morar ou viajar sozinhas!
Entretanto, muitas liberdades duramente conquistadas ainda nos são muito caras, porque precisamos o tempo todo justificar nossas ações à sociedade hipócrita, que nos julga por sermos solteiras, separadas, se frequentamos escolas ou lugares públicos como bares, ou até mesmo o carnaval! Somos julgadas se temos filhos ou não, se usamos determinadas roupas… se professamos nossos pensamentos. Precisamos ter o máximo de cuidado se moramos sozinhas, se saímos sozinhas, se viajamos sozinhas!
Para mulheres negras, a situação foi e é ainda pior.
A sociedade hipócrita quer nos colocar numa caixinha para que sejamos submissas, que aceitemos caladas as variadas formas de opressão e de controle, de nossos corpos e de nossas vidas!
O corpo feminino ainda é visto como objeto de uso e abuso do sexo, da reprodução, do cuidar do lar, e por que não dizer da servidão?
Somos julgadas por sermos feministas por quem nem sabe o que isso quer dizer. Para essas pessoas, é mais fácil julgar do que entender.
Aliás, feminismo não! Feminismos, porque as mulheres são plurais!
Pensando no futuro, a sociedade toda (incluindo os homens) tem caminho difícil até acontecer uma sociedade justa.
Ser mulher para mim hoje é ter consciência de classe, conhecer sua história, ter identidade cultural, é travar várias lutas cotidianamente para defender conquistas, ideias… vida.
Ser mulher no IFPE é uma conquista para mim, e creio que para todas as mulheres da minha família que foram privadas de estudar.
Acredito na educação, e uma casa de educação nos dá a oportunidade de dialogar sobre questões acerca do que é ser mulher, do que é ser mulher negra, mostrar diversas trajetórias de vida de mulheres, questionar sobre o mundo.
Ser mulher no IFPE é luta e exige constância!
Exige particular coragem e posicionamento político, para lutar a favor da educação pública, de qualidade e de direito de todes, todas, todos!
Exige força para exercitar a autenticidade, de sermos o que somos, com nossas vivências, nossa leitura de mundo, nossos questionamentos e ações!
Exige ousadia para projetar a voz, de se fazer ouvir. Exige muitas vezes dizer o que nem todos gostam de ouvir.
Ser mulher e docente no IFPE é lutar diariamente contra preconceitos, machismo, racismo… já que uma escola é reflexo da sociedade.
É oportunidade de aprender, de conhecer gentes e culturas diferentes, de fazer amigos, enfim… de exercitar a fragilidade e a força, de chorar, de rir e de chorar de rir!”

JAQUELINE ALVES
Indaiatuba-SP
Docente no IFPE entre 05/11/2015 e 17/08/2020

 

 

“Ser mulher não é uma tarefa fácil, mas divina.

Apesar das várias atitudes machistas de alguns, não vejo dificuldades diante de nossos direitos.”

KELLY J EAN TENÓRIO PRYSTHON
Barreiros-PE
Técnica, ingressou no IFPE em 02/02/1995                                                                                                                                                                      

 

 

 

“Ser mulher hoje é sinônimo de luta, coragem e perseverança. Cada vez mais as mulheres têm assumido os mais diferentes cargos, mostrando que temos uma força muito grande que nos faz superar os desafios que a vida traz e seguirmos lutando, permanentemente, por respeito e igualdade.
No IFPE somos respeitadas, trabalhamos com competência e somos espelhos para nossas alunas, incentivando-as a ir em busca de seus sonhos.”

LINDOMAR AVELINO SILVA
Umbuzeiro-PB
Docente, ingressou no IFPE em 25/02/2019

 

 

“Embora chegamos ao século XXI, não avançamos tanto quanto desejamos nas conquistas femininas. E ser mulher hoje em dia ainda é um grande desafio: principalmente no que diz respeito à ocupação de espaços que ainda são territórios masculinos, como a política, por exemplo, mas as mulheres seguem resistindo e lutando, e isto é o mais importante. Sim, é necessário também um maior engajamento de maior combate à violência, aos baixos salários, ao machismo e muitos outros aspectos do viver feminino.
Ser mulher nesta instituição é algo desafiador, mas algo que traz um significado importante em nossa vida, pois trabalhamos com jovens e seu desenvolvimento intelectual e profissional.”

MAGDA LUIZA DE SANTANA MIRANDA
Recife-PE
Docente no IFPE entre 02/07/2018 e 03/07/2020

 

  

“Ser mulher hoje em dia é ter liberdade de escolha, é poder ser independente financeiramente, é poder lutar e conquistar seus anseios. Porém, é também ter medo de andar sozinha devido ao assédio e à violência contra o ‘sexo frágil’.
Ser mulher no IFPE é ter igualdade de oportunidades, é ser respeitada e valorizada.”

MARIA DAYANA LOPES DE OLIVEIRA
Barreiros-PE
Técnica, ingressou no IFPE em 25/02/2014 

 

 

“Ser mulher é ter coragem, determinação, sabedoria e inteligência para enfrentar os desafios do cotidiano. É ter foco nos objetivos e ter a convicção de que mulher é capaz de conquistar o espaço que deseja.
É sentir-se respeitada e valorizada pela capacidade que temos de encantar vidas e deixar-se encantar.”

MARINEIDE CAVALCANTI ARRUDA
Cumaru-PE
Docente, ingressou no IFPE em 05/07/2005

 

 

“Considero que ser mulher hoje é relativamente mais fácil do que já foi um dia. Graças à coragem e à determinação de grandes personalidades femininas que me antecederam, hoje me sinto forte para determinar os rumos da minha vida, em todos os aspectos. Mas, apesar de termos avançado tanto na conquista de nossos direitos, muito ainda há de ser conquistado…; muitas mulheres ainda são mortas todos os dias pelo simples fato de serem mulheres, ainda recebemos menos mesmo exercendo a mesma função que homens, ainda temos o nosso corpo sob tutela do Estado, que nos diz quando devemos ou não abortar… entre outras situações que nos arrancam direitos e nos desrespeitam. O que foi conquistado deve ser comemorado, sim, mas sem esquecer que a luta por igualdade de direitos continua.

O IFPE é uma casa que me acolheu da melhor forma, sempre respeitando todos os meus direitos enquanto mulher e incentivando a ampliação de meus conhecimentos. Entretanto, dentro da Instituição já me deparei com colegas que, sempre em tom de “brincadeiras”, expõem pensamentos e atitudes extremamente machistas e desrespeitosas. Considero que nós, servidoras e alunas, não devemos nos intimidar diante de tais atitudes e ainda incentivar e ajudar nossos colegas e alunos no processo de desconstrução de pensamentos tão retrógrados.”

MARTA PRISCILLA VASCONCELOS DE ALMEIDA
Barreiros-PE
Técnica, ingressou no IFPE em 11/09/2017

 

 

“Ser mulher, hoje e sempre, é lutar diariamente por igualdade e respeito.

Ser mulher no IFPE é poder trabalhar em um ambiente onde existe o respeito, a valorização do nosso trabalho e a igualdade de direitos.”

MICHELINE MÔNICA DE OLIVEIRA BRITO
Barreiros-PE
Técnica, ingressou no IFPE em 05/08/2010

 

 

“O que é ser mulher no Brasil?
Nossa! Essa é uma pergunta de tirar o fôlego, porque uma avalanche de informações, dados, histórias e confissões de amigas sinalizam o quanto ser mulher no Brasil é sentir medo e lutar cotidianamente por RESPEITO!
Há mais de 70 anos Simone de Beauvoir, interessada em entender a origem da desigualdade entre homens e mulheres, escreveu que uma mulher não nasce mulher, mas torna-se mulher. Ela entendia como esse processo transcorria sobre a égide da opressão, do controle do corpo, do patriarcado e de como o “ser mulher” era (é) uma concessão cultural moldada e permitida pelos homens e precisava ser desconstruída.
O reconhecimento desses limites culturais impostos fez com que as mulheres percebessem o domínio ao qual estavam submetidas, mas, principalmente, deixou claro como as mudanças necessárias ao desenvolvimento da plenitude e autonomia feminina adviriam de um processo constante de luta e resistência. As lutas travadas pelas primeiras feministas trouxeram importantes vitórias e abriram debates imprescindíveis para a reflexão feminina e o empoderamento, mas essas conquistas não são estanques e cristalizadas, ao contrário, são ameaçadas e atingidas paulatinamente. Por isso, exigem de nós criticidade, informação e consciência sobre os artifícios opressores constantemente manipulados na esfera social contra o gênero feminino.
Então “ser mulher” consciente no Brasil é saber que temos a quinta maior taxa de feminicídio do mundo. É reconhecer a misoginia, o sexismo e o machismo infiltrado em todos os espaços (seja público ou privado) por vivermos em uma sociedade patriarcal. Inclusive, saber que, na sociedade brasileira, 55,5% da população é constituída por mulheres, ou seja, mais de cem milhões de pessoas, mas elegemos representantes políticos misóginos, sexistas e machistas. Temos pouquíssima representatividade política, consequentemente, nossas políticas públicas são deficientes e omissas às necessidades femininas.
Ser mulher no Brasil é ouvir músicas pejorativas que objetificam o corpo feminino, reduzindo-nos a órgãos sexuais. É, por outro lado, relembrar de que somos vítimas de violência (física, psicológica, sexual, patrimonial, institucional) relacionada simplesmente ao fato de que não somos livres para rejeitar uma relação abusiva. Ser mulher no Brasil é enfrentar desrespeito e violação de nosso corpo, seja em transportes coletivos ou durante festas, como o carnaval, no qual temos que ser vigilantes o tempo inteiro para garantir a integridade.
Ser mulher no Brasil é viver em uma sociedade que endossa a fragmentação e concorrência entre as próprias mulheres como estratégia de enfraquecimento e depreciação do feminismo, resultando em maior controle e na desconstrução das bandeiras de luta.
Por essas e outras coisas “ser mulher” no Brasil é ter que ser FEMINISTA, porque significa lutar e resistir sempre! Sejamos todas e todos feministas!!!!!
Sinto-me privilegiada por trabalhar em uma Instituição Pública de Ensino na qual sou concursada, fato que garante uma situação de equidade salarial. Embora ainda escute brincadeiras e piadas machistas, e tenhamos pouca representatividade feminina na ocupação de cargos.
Entre os colegas docentes e técnicos mais próximos, tenho recebido solidariedade na execução de projetos e atividades educacionais que geram um clima organizacional respeitoso e saudável. A consequência disso vem em forma de entusiasmo e desejo em realizar mais ações em parceria. Além disso, sinto-me interessada em produzir situações pedagógicas que nos ponham em diálogo com as barreiras culturais e dilemas de nossa sociedade patriarcal e machista, e, no ensejo de tais situações, poder ajudar na construção de masculinidades menos tóxicas e opressoras. Sei o quanto nossas/os educandas/os observam as práticas docentes e as podem tomar como exemplo. Por isso, sou grata aos homens que têm procurado a desconstrução do machismo e exercitam a empatia em suas tomadas de decisões.
Além disso, muitas vezes, entre nós mulheres, ainda nos falta exercitar a sororidade e empatia para reconhecer as situações desiguais existentes no ambiente de trabalho.
Acredito, no entanto, que estando em uma casa de educação poderemos tanto construir como vivenciar situações pedagógicas capazes de despertar a criticidade, e, desse modo, operar mudanças necessárias para um ambiente menos machista. Como educadora, tenho esperança!”

NÚBIA MICHELLA CLEMENTINO DA SILVA
Maceió-AL
Docente, ingressou no IFPE em 01/10/2014

 

 

“Muito melhor que há dez anos atrás!
A mulher conseguiu uma liberdade e reconhecimentos muito grandes, apesar de ainda lidarmos com altos índices de violência contra as mulheres.
Satisfatório, pois não percebo nenhum tipo de preconceito contra a mulher, inclusive temos várias mulheres exercendo cargos de notoriedade e competência no IFPE. Nossa atual reitoria é exercida por uma mulher. Porém, ainda prevalece muita política dentro do Instituto.”

ROSÂNGELA MARIA DE MELO GALVÃO
Barreiros-PE
Técnica, ingressou no IFPE em 02/01/1995

 

 

 

“Ser mulher hoje em dia é mais difícil por causa do preconceito. Os homens querem mandar e acham que somos objetos deles.
Ser mulher no IFPE é uma maravilha, não tenho do que reclamar.”

                                                                                                                       ROZÂNIA DE ALMEIDA LIMA
                                                                                                                                                Barreiros-PE
                                                                                                                    Colaboradora no IFPE desde 2011

 

 

“Sei que hoje em dia existem dificuldades para muitas mulheres, que ainda não reconhecem seus valores, e ainda sofrem por não ter conseguido o seu espaço na sociedade. Acho que, hoje em dia, está mais fácil “ser mulher”, pois os valores existem e os espaços para nós existem também, basta, apenas, reconhecer e conquistar por parte de cada uma.
Ser mulher no IFPE para mim é muito bom, me sinto valorizada, primeiro por ter conquistado esse espaço que hoje ocupo, numa Instituição Federal de Educação. Me sinto orgulhosa por trabalhar aqui, reconhecendo meus direitos e deveres, me sinto respeitada tanto pela sociedade interna como externa ao IFPE também.”

SUELENE ROCHA PEREIRA
Barreiros-PE
Técnica, ingressou no IFPE em 02/08/2010

 

 

“É ser forte, e saber lidar com os desafios do dia a dia! É ser durona, mas também amorosa nos momentos especiais. É respeitar e ser respeitada. É ser independente e lutar pelos seus ideais. É me sentir realizada e feliz sendo mãe, filha, esposa, agrônoma, professora, pesquisadora…”

TATIELY GOMES BERNARDES
Goiânia-GO
Docente, ingressou no IFPE em 12/01/2012


 

“Em outras épocas nosso lugar no mundo era devidamente demarcado pelos homens, que definiam onde, quando e como ser mulher. Contudo, o espírito livre e insatisfeito que vive dentro de nós não nos permitiu ficar acomodadas. Fomos à luta e, hoje em dia, nós mulheres conquistamos nosso espaço na sociedade.”

TEREZA MARIA DA SILVA CRUZ
Barreiros-PE
Técnica, ingressou no IFPE em 30/10/1985

 

 

É saber que precisamos, diariamente, enfrentar o medo da violência a qual estamos sujeitas.
Trabalhar no IFPE, assim como geralmente ocorre na Educação, é um espaço que me proporciona a oportunidade de ter o mesmo salário, sem diferenciar por gênero.”

VERÔNICA MARIA DO NASCIMENTO
Lagoa de Itaenga-PE
Docente, ingressou no IFPE em 15/08/2018




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