Início do conteúdo

Cine Campus de abril discute questão indígena no Brasil

Segunda sessão do cineclube exibiu dois filmes do projeto Vídeo nas Aldeias, produzidos por cineastas indígenas


Uma noite de reflexão e debate sobre a questão indígena no Brasil. Essa foi a proposta da segunda sessão do Cine Campus, realizada nesta quarta-feira (27) no auditório central do IFPE-Campus Barreiros. 

Com o tema “Vozes e imagens indígenas”, o cineclube exibiu dois filmes do projeto Vídeo nas Aldeias: TSÕ’REHIPÃRI, Sangradouro (2009), da etnia Xavante e A gente luta, mas come fruta (2006), da etnia Ashaninka. Produzidas por cineastas indígenas, as obras retratam, no primeiro caso, o choque cultural decorrente do processo de catequização dos índios Xavante pelos Salesianos no Mato Grosso, e, no segundo, o manejo agroflorestal realizado pelos Ashaninka da aldeia APIWTXA no rio Amônia, no Acre, e sua luta contra madeireiros que invadem suas terras na fronteira com o Peru.

“Está na hora de a gente quebrar essa ideia romantizada do índio. A proposta do cineclube nesse mês não era simplesmente comemorar uma data, como o dia 19 de abril, mas sim refletir sobre o índio no Brasil hoje. E nada melhor para falar da identidade do ser índio do que os próprios índios”, anunciou o mediador da sessão e professor de história do Campus Barreiros, Romerito Arcoverde para o público que lotou o auditório central. Durante sua fala de abertura, ele ainda contextualizou, de forma breve e crítica, a história dos índios no Brasil, com destaque para o processo de colonização ocorrido na região da Mata Sul de Pernambuco.

Após a exibição dos vídeos, as professoras Jaqueline Alves, de Turismo, e Vivian Delfino, de Agroecologia, pontuaram algumas questões, como oralidade, organização comunitária, contato forçado entre culturas, impactos do capitalismo, mudanças culturais e identidades indígenas, que suscitaram o debate junto ao público. “O vídeo é um recurso que os índios estão usando para preservar e valorizar a cultura. A imagem deles está sendo roubada sempre. A imagem só, não, mas a vida das pessoas também, infelizmente”, denunciou Jaqueline, que também trouxe dados sobre a população indígena brasileira e pernambucana.

Já Vivian compartilhou um pouco de sua experiência de contato com duas aldeias da etnia Gaviões, no Pará. “Nós não sabemos acolher o índio na nossa sociedade. Não sabemos o que é ser índio, nem o que ele pensa. Precisamos, pelo menos, ouvir. Quem vai decidir o que deve ser preservado ou não são os próprios indígenas”, provocou.

A segunda sessão do Cine Campus ainda contou com um momento de escuta coletiva da música “Araruna”, dos índios Parakanã do Pará numa versão da etnomusicóloga Marlui Miranda, e da leitura de um cordel produzido pelo estudante do terceiro ano do curso técnico em Agropecuária, Luciano Júnior, que arrancou aplausos do público.

Fim do conteúdo