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Dia da consciência negra é celebrado no 29º Fórum de Turismo
Evento do Campus Barreiros teve como foco a comunidade quilombola do Engenho Siqueira, de Rio Formoso
Na noite de 20 de novembro, dia da consciência negra, foi realizado na tenda externa do IFPE Barreiros o 29º Fórum de Turismo. Com foco na comunidade quilombola do Engenho Siqueira, o evento girou em torno da mesa composta por dois moradores da comunidade, Cristiane Correia da Silva e Moacir Correia de Santana, e pela professora titular voluntária do departamento de oceanografia da UFPE, Maria Elisabeth de Araújo. Eles conversaram sobre cultura quilombola, tema do fórum, ressaltando a experiência de preservação e manutenção de uma cultura ainda muito pouco valorizada. “Nem as próprias pessoas da região sabem que existe uma comunidade quilombola ali no Engenho Siqueira. Até pra nós mesmos essa é uma descoberta recente, nós desconhecíamos a nossa origem. Se não houver uma mudança de mentalidade vai ser muito difícil conseguir preservar a cultura própria dos quilombos. Já não temos mais seguidores de religiões de matrizes africanas por exemplo, nem benzedeiras na comunidade”, conta Cristiane, que foi a primeira mulher a se tornar presidente da associação de moradores local.
Ela e Moacir contaram da importância que esse resgate da ancestralidade da comunidade tem para a autoestima e bem-estar de cada morador de Siqueira. “Eu não quero nunca sair de lá. Fui criado no mato, naquelas terras e pra mim não existe lugar melhor pra morar. Vamos conseguir superar as dificuldades e fazer com que outras pessoas também conheçam e respeitem a nossa história. O museu que criamos é um primeiro passo para isso”, revela Moacir, que além de pescador também é artesão. Ele foi um dos moradores da comunidade que escreveram junto com Maria Elizabeth o livro História de pescadores: meio ambiente, recursos pesqueiros e tradição em Rio Formoso. Escrito a partir de entrevista com os moradores da região, a obra registra fatos e histórias tradicionais do lugar e ratifica a fala da bióloga que relaciona a preservação ecológica ao fortalecimento sociocultural da comunidade do em torno. “A gente precisa acordar e prestar atenção no que é nosso. No lugar de reproduzir uma cultura externa, cuidar de preservar e valorizar aquilo que está ali na nossa frente”, ressalta Maria Elizabeth. Os três palestrantes comentaram ainda o desastre ambiental que atingiu as praias do nordeste com o vazamento de petróleo cru. “O pior de tudo é o trauma que fica no resto da sociedade que faz com que ninguém queira mais comprar os pescados. A maioria das pessoas da nossa comunidade sobrevivem unicamente da pesca, então o caso é sério”, explica Cristiane.
Organizado pelos alunos do segundo período do curso técnico subsequente em Hospedagem com orientação do coordenador do curso, professor Alan Machado, o fórum recebeu mais de 150 pessoas. A noite foi finalizada com um coquetel, em que foram servidos alimentos típicos da comunidade quilombola, produzidos, inclusive, pelos próprios moradores de Siqueira.