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Estudante do IFPE Olinda leva projeto de acessibilidade na arte à Semana Nacional da Educação Profissional e Tecnológica
Com o projeto Arte para cego ver, Tayza Aícram representou o Campus Olinda em evento nacional, promovendo inclusão
A estudante Tayza Aícram, do curso de Artes Visuais do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) – Campus Olinda, participou da 5ª edição da Semana Nacional da Educação Profissional e Tecnológica (SNEPT), realizada em Brasília, entre os dias 7 e 9 de outubro. Representando o IFPE com o projeto “Arte para cego ver”, Tayza foi a única participante a apresentar uma proposta voltada à acessibilidade na arte, iniciativa que produz artefatos táteis para a mediação de obras das artes visuais em experiências táteis, ampliando o acesso de pessoas com deficiência visual ao universo artístico.
O projeto nasceu nas aulas de Modelagem em Argila, ministradas pela professora Luciene Pontes, e propõe que estudantes criem em placas de argila os artefatos táteis de obras de artistas pernambucanos como Samico, J. Borges, Lula Cardoso Ayres, Vicente do Rego Monteiro e Tereza Costa Rêgo. As imagens, antes restritas ao olhar, ganham relevo, textura e volume, tornando-se possíveis de “ver” com as mãos.
A placa de argila produzida por Tayza é uma releitura de uma litogravura do artista, designer gráfico e gestor cultural Aloísio Magalhães, criador de um álbum com uma série de Litogravuras em homenagem à cidade de Olinda. As obras foram apresentadas em Paris, durante o movimento que buscava o reconhecimento de Olinda como Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Humanidade pela Unesco, título conquistado em 1982. Aloísio Magalhães teve atuação ampla e decisiva na valorização da cidade, sendo um importante defensor dessa causa.
Para Tayza, que tem baixa visão, a participação na SNEPT foi um momento de grande significado. “Eu fui a única com um projeto de acessibilidade na arte. É algo novo, porque nem sempre a arte chega a pessoas que têm deficiência visual. Levar essa proposta a um evento nacional foi muito importante, especialmente por mostrar que a inclusão é possível também nas galerias e nos museus”, destacou.
Durante o evento, a estudante pôde compartilhar o projeto com visitantes de diferentes regiões e percebeu o impacto que ele causa em quem o vivencia. “Uma das pessoas que testou a obra me disse que foi uma experiência muito boa. Ela conseguiu sentir a textura, entender o relevo e percebeu a importância de poder tocar e compreender a arte por outros sentidos”, relatou.
Além da importância social, o projeto também reflete sobre o papel do artista e do educador na construção de uma sociedade mais acessível. “A vida não acaba quando a visão acaba. Precisamos entender que essas pessoas existem e que a inclusão é necessária. Todos têm o direito de se sentir conectados com a arte”, afirmou Tayza.
A estudante também ressaltou que a iniciativa vem ajudando a romper barreiras dentro do próprio campus. “No nosso curso, estamos quebrando barreiras e mostrando que é possível pensar arte de forma inclusiva. É gratificante saber que esse projeto não inclui apenas uma parcela de pessoas, mas muitas outras que também desejam sentir e participar desse universo.”