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Comissão interna controla a natalidade e cuida de felinos que habitam área do IFPE Pesqueira
Através do voluntariado de servidores/as, terceirizados/as e estudantes, gatos são castrados, cuidados, alimentados e disponibilizados para adoção
O Campus Pesqueira criou ainda em 2017, por meio da Portaria DGCP/IFPE nº 100/2017, a Comissão Interna de Controle Populacional e Bem-Estar dos Animais do IFPE Pesqueira, em consonância com a Política Ambiental do IFPE, aprovada por meio da Resolução nº 41/2017. A comissão é formada por docentes, Técnicos-Administrativos em Educação (TAEs) e estudantes, e conta ainda com a participação informal de colaboradores/as terceirizados/as simpatizantes da causa animal.
O trabalho voluntário da comissão constitui-se em alimentar, medicar os animais que adoecem, vacinar contra raiva, vermifugar, castrar e incentivar a adoção de gatos (nome científico: Felis Silvestris Catus) que convivam na área interna do Campus. Tudo isso, com recursos do próprio voluntariado. Prezando pelo bem-estar, tanto dos animais quanto das pessoas que frequentam o Campus. Esse trabalho já era realizado por alguns servidores/as antes da criação da comissão, porém, a portaria veio tornar oficial essa importante ação dentro do ambiente institucional.
Uma vantagem óbvia é a existência, em praticamente toda a área delimitada do Campus, de um controle natural de pragas, como roedores (ratos), escorpiões e outros animais transmissores de doenças ou peçonhentos, que aliás, nunca, ou quase nunca, são encontrados nas dependências do Instituto. E mesmo que o sejam em algum momento, certamente será por pouco tempo, pois os mesmos já estarão sob a mira dos felinos.
A esse aspecto positivo de controle natural de pragas, soma-se a coexistência e a convivência pacífica, no Campus, com outra espécie animal que tem sido vista com mais frequência ultimamente, tanto em áreas rurais quanto em áreas urbanas, e que também habita algumas áreas do IFPE Pesqueira, que são os timbus (Didelphis Albiventris), também conhecidos como gambá-de-orelha-branca, ou saruê, ou cassaco, a depender da região.
Os timbus inclusive também são predadores naturais de outras espécies inapropriadas ao convívio humano, como cobras e escorpiões, cuja incidência, apesar da proximidade do Campus com a área rural, é desconhecida para a comunidade. Ou seja, juntos, os gatos e os timbus contribuem naturalmente para o controle de pragas nas dependências do IFPE Pesqueira. No caso dos timbus, como não são animais domésticos e são inofensivos para os humanos, não requerem o mesmo tratamento auxiliar dado aos gatos, posto que “se viram” sozinhos na natureza.
Gatos e gatas sempre foram abandonados nas dependências do Campus ao longo dos anos, ou adentram na unidade por conta própria. Em outras palavras, adentram na unidade devido aos seus instintos de animais já domesticados há cerca 10 mil anos, o que os fazem deixar as áreas descampadas e o relento à procura de abrigo, especialmente para os momentos de descanso.
Os primeiros registros de domesticação dos antigos gatos selvagens dão conta de que eles começaram, por conta própria, a se aproximar das pessoas porque os humanos passaram a plantar. As plantações, por sua vez, começaram atrair os roedores. Os roedores, devido ao alimento farto disponível nas plantações, passaram a se reproduzir muito. Então os gatos selvagens tinham bastante comida disponível, já que caçavam esses roedores.
Hoje domesticados, os gatos caseiros não incluem mais os roedores em sua cadeia alimentar, mas continuam sendo seus exímios caçadores. Os caçam apenas por instinto, mas ao invés de comê-los, brincam com essas presas e depois as desprezam, indo em busca de algum alimento que valha mais a pena.
Por se tratar de um espaço aberto, com cantina e refeitório, não é possível haver um controle absoluto da quantidade de gatos que circulam ou adentram na Instituição. Atualmente 59 gatos e gatas vivem nas dependências do Campus, sendo que desses, 36 foram castrados, 23 não estão castrados por viverem mais afastados e serem mais ariscos. Até hoje, no total, foram concretizadas 97 adoções.
De acordo com a presidente da Comissão, a servidora Josy Cavalcante, “tanto a Instituição, quanto a comissão, preocupam-se com a saúde dos servidores, estudantes e visitantes, prezando pela limpeza e higiene de todos os espaços. Um trabalho feito com muito zelo pelos funcionários e funcionárias terceirizados/as”. A formação da Comissão Interna de Controle Populacional e Bem-Estar dos Animais do IFPE Campus Pesqueira contou com o apoio do diretor-geral do Campus, Valdemir Mariano, desde quando ainda era apenas uma proposta.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Governo Federal possui um departamento específico para cuidar da defesa e dos direitos dos animais. Criado em 2023, o Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais lançou um programa exclusivo para tratar do tema, o Programa Nacional de Proteção e Manejo Populacional Ético de Cães e Gatos, que propõe parcerias com os municípios brasileiros em ações de castração e cuidados com os animais.
“Não achamos que o Campus seja o melhor lugar para eles morarem. É um espaço aberto, frio, eles não tem onde se abrigar”, afirma Josy Cavalcante. “Ficaríamos muito felizes se todos, ou a maioria, fossem adotados. Nesse sentido, precisamos do apoio da comunidade. Mesmo quem não tem admiração pelos gatos mas conhece alguém que gosta, pode indicar como adotante. Todos podem ajudar nessa ação de solidariedade com os animais”, concluiu a presidente da Comissão.
Já a gestora de Gabinete do Campus Pesqueira, Sherlanne Alves, que também integra a Comissão, defende que a comunidade do IFPE Pesqueira, tanto estudantes, quanto servidores e servidoras possam olhar para a questão dos gatos no Campus com um olhar mais humano. “Eles são animais, como os próprios humanos, e por isso mesmo sofrem, sentem dor, frio e fome. Não pedimos unanimidade, é da natureza humana divergir, mas que possamos tratar com respeito seres que não podem se defender”, opinou Sherlanne.
Ações desenvolvidas pela Comissão:
-Alimentação com ração, inclusive aos sábados, domingos e feriados. A ração é comprada com recursos próprios do voluntariado e a ajuda de alguns servidores que apoiam a causa;
– Levantamento da quantidade e condições dos animais e cadastro dos animais: todos os gatos são conhecidos, através de suas características, e todos têm nome;
– Conscientização da comunidade: busca-se por meio da conscientização das comunidades interna e externa alertar para a importância do não abandono de animais no Campus. Tendo em vista se tratar de um espaço aberto em termos de acesso dos animais, o que dificulta o controle;
– Realização de campanhas de adoção responsável, sensibilização, controle de zoonoses, com vermifugação, castração, vacinação contra a raiva: a Comissão incentiva, permanentemente, a adoção responsável, e se compromete com a castração e a vacinação antirrábica, através da vigilância sanitária. Ainda é feita a vermifugação e medicação de todos os gatos que adoecem, levando inclusive para Clínica particular, com a cobertura dos custos;
– Construção de três abrigos que também foram concebidos com recursos próprios de voluntários/as. Os locais também funcionam como local de alimentação, ação que ajuda a manter a maioria dos gatos afastados dos blocos.
Benefícios decorrentes da ação:
Com o desenvolvimento das ações já foram obtidos os seguintes benefícios:
-Alimentados, os animais deixaram de frequentar a cantina e o refeitório à procura de comida;
– Deixaram de subir nos bebedouros à procura de água, pois, em quase todos os blocos existem recipientes com água limpa, trocada diariamente;
– A população de animais diminuiu consideravelmente com as castrações, as adoções e a conscientização da comunidade acerca do não abandono de animais no Campus. Os gatos são todos adultos, e embora a adoção nessa idade seja mais difícil, os animais estão sempre tratados e alimentados, portanto prontos para adoção;
– Com a vacinação, a vermifugação e o cuidado, os animais tornaram-se mais saudáveis para o convívio com os seres humanos: os visitantes sempre elogiam o cuidado mantido pela Comissão para com os gatinhos;
– A convivência com os animais trouxe ainda benefícios à saúde mental da comunidade acadêmica: tanto alunos quanto servidores passaram a ter um cuidado maior com os gatos, sempre que veem algum gatinho doente procuram a Comissão, trazem ração, e até pedem para levar seus gatos e gatas para castrar;
– Um exemplo a ser seguido: os campi que têm animais vivendo em suas áreas buscaram informações sobre o trabalho da Comissão para também implantar.
Propostas em andamento:
– Parceria com a Vigilância Sanitária;
– Criação de um mural no Campus com fotos dos gatos e gatas, de forma a ampliar a visibilidade das campanhas de adoção.