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Arte gráfica de Heinrich Moser é disponibilizada na internet

Obras do alemão que viveu no Recife na primeira metade do século passado foram catalogadas através de projeto do IFPE Olinda


Arquiteto, pintor, escultor e um dos fundadores da Escola de Belas Artes do Recife, o alemão Heinrich Moser é cada vez mais conhecido por sua versatilidade. Famoso por seus vitrais que embelezam prédios históricos como Palácio da Justiça, Palácio do Campo da Princesas e Basílica de Nossa Senhora do Carmo, ele agora também pode ser lembrado por sua arte gráfica, que desenvolveu ao longo da primeira metade do século passado, em Recife. Suas ilustrações feitas para jornais, revistas, livros, cartazes e partituras foram catalogadas através de um projeto de extensão conduzido por servidores e estudantes do Campus Olinda.

Ao longo de 2016, o grupo de extensão conseguiu encontrar 112 imagens em acervos públicos, como Fundaj e Biblioteca do Estado, e privados. Também entrevistou familiares, entre eles a neta de Moser, Silke Weber, e Ângela Távora, mulher do neto do artista e autora do livro “Moser: um artista alemão no Nordeste”. Todo o material está disponibilizado a partir desta quinta-feira (16), através do site www.artemoser.com, em português, inglês e alemão. Também é possível consultar o pdf da versão impressa, nas três línguas, além de textos como biografia do artista, nascido em Munique em 1886.

Capacitado em duas escolas de arte na Europa, Moser chega ao Recife em 1910, época de crescimento editorial no Estado. Em sua obra, passa a expressar elementos da cultura pernambucana. No catálogo, por exemplo, é possível apreciar ilustrações, produzidas em bico de pena, de cenas corriqueiras da época feitas pelo artista para o livro “Pernambuco no Século XIX”, escrito por Estevão Pinto(1895-1968), membro da Academia Pernambucana de Letras. São disponibilizados ainda trabalhos monocromáticos como os do livro infantil “Boa Gente – Histórias de animais”, escrito por Lucilo Varejão (1892-1965), também membro da Academia Pernambucana de Letras. Outra obra encontrada foi a capa da partitura do compositor e pianista de música popular, Alfredo Gama (1867-1932). A capa demonstra a influência do estilo ArtNoveau, com o uso de temas florais e formas sinuosas.

Entre o material catalogado, estão 12 capas do Jornal do Commercio e outras 24 da Revista de Pernambuco, que circulou entre os anos 24 e 26. “Suas ilustrações para o jornal utilizavam um conjunto de traços ou pontos pretos em cima do papel branco que conseguiam expressar muito bem a noção de luz, sombra, volume e textura”, explica  LeopoldinaLócio, idealizadora e coordenadora do projeto “Heinrich Moser: arte e memória gráfica em Pernambuco no início do século XX”. Segundo ela, as capas da revista foram realizadas em diferentes estilos.

A supervisora do projeto, Ana Carolina Machado, explica que a arte gráfica de Moser tem influência da escola moderna e era marcada pelo uso de cores vibrantes. “É provável que existam muitas produções do artista a serem descobertas, mas o material já catalogado é vasto e tem uma riqueza belíssima”, garante. O projeto de extensão contou com apoio do Programa de Preservação Cultural do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha. Foram disponibilizados 3,5 mil euros utilizados na aquisição de equipamentos para captar as imagens encontradas, como câmera e tripé, além de outros materiais de custeio. O material foi doado ao Campus Olinda – IFPE pelo Consulado da Alemanha. 

 

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