Construções sustentáveis: materiais de construção aproveitam conchas de maricos como matéria-prima
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Construções sustentáveis: materiais de construção aproveitam conchas de maricos como matéria-prima
Além do caráter sustentável, projeto desenvolvido no Campus Recife abre novas oportunidades para a comunidade pesqueira de São Lourenço do Tejucupapo, em Goiana Tweet por publicado: 20/04/2016 16h26 última modificação: 20/04/2016 16h26 Exibir carrossel de imagens
Vinculado ao curso de Edificações, o Laboratório de Ecosoluções abriga o projeto
Por Mônica Melo
ascom@recife.ifpe.edu.br
Estudantes dos cursos de Edificações e de Engenharia Civil do Campus Recife vêm tendo oportunidade de, por meio de projetos de Pesquisa e de Extensão, aperfeiçoar o conhecimento técnico e, principalmente, vislumbrar a aplicação do aprendizado fora dos muros do IFPE. Em sintonia com demandas prementes da sociedade, discentes estão envolvidos com atividades do Laboratório de EcoSoluções, o Lab EcoS, que prevê o desenvolvimento de alternativas sustentáveis, em termos de produtos e de processos em Construção Civil, com base na realidade local, nas particularidades das comunidades locais.
O Lab Ecos está alicerçado nas ações de dois Núcleos, entre os quais o Núcleo de Materiais de Construção. Este abriga vários projetos que representam diferentes etapas de um nobre desafio, a criação final de um projeto de habitação de interesse social sustentável adequado às necessidades e peculiaridades das comunidades pesqueiras do Litoral pernambucano dedicadas à prática da maricultura, ligada ao cultivo de mariscos.
Em outras palavras, a ideia que permeia todos os trabalhos é a elaboração, em última instância, de um projeto de edificação, viável à aplicação por essas comunidades locais, que parta da utilização versátil das conchas do marisco – sobras do processo de extração da maricultura –, como matéria-prima no manejo de processos, técnicas e materiais de construção.
O projeto de Extensão relacionado, conduzido pelo professor Yuri Moraes, com a participação de estudantes do campus nas áreas em questão, volta-se à rotina da comunidade de São Lourenço de Tejucupapo, do município de Goiana, Litoral Norte do Estado, em função de lá se identificar grande quantidade de resíduos da maricultura e da receptividade da comunidade ao grupo acadêmico. Inclusive, um desses contatos recentes da equipe com os moradores de Tejucupapo foi bastante proveitoso.
Para além da coleta de conchas de marisco para análise, os estudantes passaram o dia acompanhando as atividades das marisqueiras, vivenciaram o trabalho das catadoras, catando e tratando marisco para preparação, em oficina de culinária por elas, de um prato tradicional. A atividade foi concluída no embalo de coco de roda. As conchas recolhidas pelos jovens passaram a servir, então, de base para o desenvolvimento dos mais variados projetos do Núcleo, orientados por diversos docentes.
Um deles analisa a possibilidade de se reciclar, para a Construção Civil, os resíduos da maricultura, desenvolvendo tecnologias de produtos que viabilizem a utilização dessas conchas de marisco como agregado miúdo na fabricação de tijolos de solo-cimento e argamassas, com substituição da areia por marisco triturado. Conforme o professor Yuri, a ideia é que possa ser utilizado, como alternativa para a proposta arquitetônica a ser feita pelo grupo de pesquisa, o tijolo de solo-cimento. “Trata-se de uma tecnologia social amplamente difundida e de fácil assimilação pela comunidade, podendo inclusive impulsionar processos de desenvolvimento local, a partir da fabricação e comercialização deles”, acredita.
Outro trabalho foca o uso das conchas na produção de concreto para construção civil, isto é, estuda a viabilidade e potencial da substituição da pedra britada por esses resíduos para a execução de concreto. Destaca-se ainda a atuação dos estudantes pesquisadores no grupo que se dedica à identificação da metodologia adequada para a higienização das conchas de marisco. Eles pretendem delimitar o tempo necessário de exposição dos resíduos recolhidos às intempéries para a devida retirada da matéria orgânica e dissolução dos sais presentes no material.
GANHOS
Ao participarem de trabalhos de produção cientifica e de atividades de extensão que se debruçam para além das questões técnicas, os estudantes desenvolvem formação diferenciada, capaz de atender às exigências da sociedade. “Em nome do equilíbrio pretendido entre expansão urbana e capacidade de carga dos ecossistemas, entre consumo e produção, as instituições de ensino devem favorecer aproximação de teoria e prática e a produção de tecnologias apropriadas, sendo fundamental haver sensibilidade para as realidades locais.
O ensino profissional deve também estar atendo a uma fatia de mercado ainda mais fortalecida e exigente, para a qual, criatividade, responsabilidade socioambiental e empreendedorismo são pedras fundamentais”, pondera o docente Yuri Moraes. “O acesso dos estudantes a atividades dessa natureza fortalece neles a capacidade de inovação, enriquecendo sua formação enquanto profissionais mais críticos, capazes de propor soluções também responsáveis do ponto de vista ambiental e social”, arremata.
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