Mulheres da Mata Sul conquistam independência financeira a partir da produção do mel
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Mulheres da Mata Sul conquistam independência financeira a partir da produção do mel
No município de Barreiros, curso de apicultura se transformou na porta de entrada de muitas mulheres para o mercado de trabalho Tweet por publicado: 20/04/2016 16h57 última modificação: 20/04/2016 16h57 Exibir carrossel de imagens Rafaella Vasconcellos/Ascom IFPE
Grupo de apicultoras é ganhou o nome de “Mulheres Guerreiras”
Na Mata Sul de Pernambuco, é comum as mulheres ocuparem os espaços domésticos, enquanto os homens vão a campo trabalhar e garantir a renda da família. Contudo, a determinação e a coragem de um grupo de mulheres, no município de Barreiros, têm mostrado que outra história é possível.
Desde que concluíram o curso de Apicultor, promovido pelo Campus Barreiros através do Pronatec, em 2013, as donas de casa Graça Martins, Claudinete Maria, Elvira Maria e Cláudia da Silva se uniram em prol de um objetivo comum: implantar um apiário e gerar renda a partir da produção de mel. Apesar da falta de incentivo dos maridos, elas não abriram mão de seu sonho.
O primeiro passo foi conseguir um terreno, que foi cedido pela Associação de Pequenos Produtores Rurais do Engenho Pau Ferro numa área de reserva legal. Em seguida, com a assistência técnica da equipe do Campus Barreiros, elas entraram na mata e implantaram o apiário, inicialmente, com cinco colmeias. A previsão é que sejam dez até o fim de 2015.
“Foi difícil, porque não tínhamos tanta experiência, nem condições de comprar as caixas, ganhamos através da parceria com o IFPE. Os professores Raiene Fabiciack e Milton Primo nos ajudaram muito e, sem o incentivo deles, não teríamos seguido em frente”, revela Graça, 45 anos. Além da assistência técnica e doação de colmeias, o Campus disponibiliza o transporte para visitas técnicas ao apiário e alguns equipamentos, enquanto o grupo não adquire o próprio material.
Sob o rótulo de “Mulheres Guerreiras”, a primeira colheita, realizada em abril de 2015, rendeu 75 quilos de mel e já foi completamente vendida. Diante da boa recepção do mercado local, o grupo, que agora conta apenas com três mulheres, traça novos planos e pensa em abrir, na cidade, um ponto de comercialização de produtos apícolas. “A gente poderá vender e lucrar ainda mais través de sabonetes, xampus, aromatizantes e comidas à base de mel”, acredita a mais jovem do trio, Elvira, 28 anos.
Para ela e as demais, a apicultura surgiu como uma forma de independência econômica e possibilidade concreta de mudança de vida. “Se dependesse do meu marido, eu não saía de casa. Até hoje, ele diz que o apiário não tem futuro. Eu digo: tem futuro, sim! Não tem para você, que não tem coragem de vestir a roupa e enfrentar a mata”, confidencia Elvira.
E é esse espírito de coragem e luta que está por trás da escolha do nome do grupo. “Eu acho que mulheres guerreiras é o que nós somos, porque um monte de mulher entrar no mato para lutar só pode ser guerreira. Quando eu coloco uma roupa daquela e vou mexer com abelha, eu me sinto orgulhosa e incentivo as outras. Toda mulher deve erguer a cabeça e lutar para vencer. Não tem que esperar que o esposo faça”, encoraja Graça.
Além de subverter a lógica do machismo, a iniciativa das Mulheres Guerreiras na região é importante tanto do ponto de vista econômico, como ambiental. “Elas estão divulgando junto ao meio rural a importância dessas abelhas, não só para saúde e alimentação humana, mas também para preservação ecológica, mostrando que as abelhas trabalham na propriedade rural fazendo a polinização. E, junto à comunidade, o IFPE está cumprindo seu papel de difusão de tecnologias”, explica o zootecnista do IFPE-Barreiros, Milton Primo.
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