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IFPE debate Dignidade Menstrual com estudantes do Campus Recife
Evento reuniu comunidade acadêmica e representantes da sociedade civil, UNFPA e SEJUV
Com o objetivo de dialogar sobre a política de atenção à saúde juvenil, o IFPE promoveu, nesta quinta-feira (01), o evento “Saúde das Juventudes: Deixa Fluir!”, que abordou a pauta da Dignidade Menstrual a partir de uma mostra de cinema, com foco no direito à saúde e o acesso às políticas públicas para as pessoas menstruantes. Fruto de uma parceria do IFPE com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e a Secretaria Executiva de Juventude do Recife (SEJUV), a ação aconteceu no Campus Recife com a participação de estudantes, docentes, gestores e representantes dos Núcleos de Estudos sobre Gênero e Diversidade (Negeds) dos diferentes campi do Instituto e da sociedade civil organizada.
As boas-vindas foram dadas no pátio do campus, com mediação da Diretora de Assistência Estudantil do IFPE, Nathalia da Mata, com falas de gestores/as do IFPE e das entidades parceiras, como as da Associada de Projetos da Área de Adolescência e Juventudes do UNFPA, Daniela Florio, do Secretário-Executivo de Juventude do Recife, Marcone Ribeiro, da Coordenadora de Políticas Inclusivas do IFPE, Laura Silva, do diretor do Campus Recife, Marivaldo Rosas, e do reitor do IFPE, José Carlos de Sá.
“Essa é uma pauta que diz respeito às desigualdades sociais do nosso país. A dignidade menstrual é uma questão de saúde pública. Que a gente possa fazer uma discussão profunda e ampliar a visão sobre essa temática, que é acolhida pela ONU. É muito importante para o IFPE estabelecer essas parcerias com a prefeitura do Recife e Nações Unidas. Que seja apenas um primeiro momento na efetivação de políticas públicas para que todas pessoas que menstruam tenham essa dignidade e direito garantidos”, declarou o reitor.
Já o secretario-executivo de Juventude do Recife, Marcone Ribeiro falou da importância de se debater o tema com público juvenil: “Esse é um projeto que a gente vem dialogando desde o início do ano e agora está podendo trazer para o IFPE. Falar de dignidade menstrual é falar de garantia de direitos de jovens e adolescentes que menstruam, porque a gente sabe que esse é um processo desafiador. É importante garantir que tenham a compreensão de que a menstruação é um ciclo natural, não um tabu”.
O microfone também esteve aberto para estudantes e representantes do movimento estudantil. “Hoje é algo muito importante. É bom lembrar que pouco mais de um ano atrás, foram os estudantes secundaristas, junto com a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e com a União Nacional dos Estudantes, que conquistamos a PL de Pobreza Menstrual, que garante a doação de absorventes para pessoas de baixa renda que menstruam”, resgatou a presidenta da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco, Roberta Pontes.
O momento ainda foi marcado por uma batalha de rimas, com a participação da escritora e artista periférica do Recife, Adelaide, e do professor de geografia do Campus Belo Jardim, Felippe Maciel, que recitaram poesias e arrancaram aplausos do público.
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A ação seguiu com uma mostra de curtas europeus e brasileiros e debate no auditório. Entre as produções, estavam: Dignidade menstrual / Brasil; Escassez (Absent)/Reino Unido; Imaculada (Spotless) / Países Baixos; Minha vez (My turn); Reino Unido; Pobreza menstrual / Brasil; Sangre comigo (Bleed with me)/ Reino Unido.
De modo geral, as intervenções destacaram como o modo como as pessoas menstruantes (meninas e mulheres cis, homens trans e pessoas não-binárias) vivem seu período menstrual varia de acordo com classe social, local de moradia, raça, etnia, deficiência e outros marcadores sociais e identitários. No Brasil, quatro milhões de meninas não têm cuidados menstruais nas escolas. Segundo pesquisa realizada pela UNICEF com 1,7 mil crianças e adolescentes que menstruam, 62% afirmaram que já deixaram de ir à escola ou a algum outro lugar de que gostam por causa da menstruação. No país, uma menina negra tem o triplo de chance de estar vivendo em situação de pobreza menstrual.
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“Dignidade menstrual tem a ver com evasão escolar. A DAE está de portas abertas. Precisamos nos articular com os/as estudantes para saber quais são as prioridades. É forte o machismo, é forte a misoginia, é forte a LGBTQIfobia, mas com uma formação plural e democrática vamos ter forças para transformar. A ideia é que a gente leve essa discussão de modo sistêmico para todos campi do IFPE”, defendeu a Diretora de Assistência Estudantil do IFPE, Nathalia da Mata.
A promoção da Dignidade Menstrual envolve a saúde menstrual e fatores estruturais mais amplos, como acesso à água, saneamento básico, educação, tecnologias de gestão menstrual seguras e acessíveis, serviços de saúde de qualidade, garantia dos direitos sexuais e reprodutivos.
“Esse debate precisa ser perpassado pelos corpos de homens que geram comportamentos violentos, principalmente no âmbito escolar. Temos que pensar esses recortes sociais de raça, classe, gênero para pensar políticas públicas efetivas”, pontuou o representante da Secretaria da Juventude do Recife, Alberto Magalhães.
Após o debate, houve um almoço de articulação com os Núcleos de Estudos sobre Gênero e Diversidade (Negeds) do IFPE, UNFPA, SEJUV e Relações Internacionais do IFPE, a fim de discutir possibilidades e estratégias de continuidade desta ação. Para a Associada de Projetos da Área de Adolescência e Juventudes do UNFPA, Daniela Florio, a ação foi muito positiva: 
“É uma alegria poder chegar cada vez mais nos territórios e ver a participação dos estudantes, o envolvimento dos professores, dos NEGEDs, toda a mobilização que foi feita em tão pouco tempo. Tivemos um resultado muito favorável de iniciar a sensibilização para o tema. Hoje foi só um primeiro passo para uma parceria longeva que o UNFPA espera ter com o IFPE, não só no campus Recife, mas para poder levar isso para os demais campi do IFPE”, avaliou.
LEGISLAÇÃO
Lei nº 14.214 de 06/10/2021 (federal) – Institui o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual; e altera a Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, para determinar que as cestas básicas entregues no âmbito do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) deverão conter como item essencial o absorvente higiênico feminino.
Lei nº 17.373, de 08/09/2021 (estadual) – Institui e define diretrizes para a política pública “Menstruação Sem Tabu” de Conscientização sobre a Menstruação, bem como sobre a importância da universalização do acesso a absorventes higiênicos.
Sobre a data
O Dia Internacional da Dignidade Menstrual foi instituído em 28 de maio de 2014, pela Organização das Nações Unidas (ONU), que reconhece a dignidade menstrual como um direito fundamental, destacando a importância do acesso a itens básicos de higiene menstrual, bem como informações e educação sobre o tema.
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